A História da Inclusão das Pessoas com Deficiência ao Longo dos Séculos

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Uma jovem empresária em uma cadeira de rodas usando seu tablet no escritório.

Nos primórdios da humanidade, a sobrevivência era a prioridade máxima para os grupos que se formavam. Nesse cenário, a segurança e a saúde dos membros eram fundamentais, e apenas os mais fortes pareciam capazes de resistir. Como resultado, era comum que algumas tribos se desfizessem das pessoas com limitações físicas.

Estudiosos concluem que, nessas comunidades primitivas, a sobrevivência de uma pessoa com deficiência era praticamente impossível, devido ao ambiente desfavorável e à preocupação adicional que elas representavam para o grupo.

Em tempos antigos, na Roma antiga, os pais tinham permissões legais para abandonar seus filhos com deficiência em rios. Aqueles que sobreviviam muitas vezes eram explorados como “esmoladores” nas cidades ou acabavam fazendo parte de espetáculos bizarros em circos.

Com o advento do Cristianismo, que pregava a caridade e o amor entre as pessoas, as classes menos favorecidas se sentiram acolhidas por essa nova visão. O Cristianismo combateu práticas como a eliminação de crianças com deficiência, alterando as concepções romanas.

O Século XIX, influenciado pelas ideias humanistas da Revolução Francesa, foi um marco na história das pessoas com deficiência. Finalmente, reconheceu-se que elas não precisavam apenas de hospitais e abrigos, mas também de atenção especializada. Foi nesse período que começaram a surgir organizações dedicadas ao estudo dos problemas relacionados a cada tipo de deficiência. Orfanatos, asilos e lares para crianças com deficiência física tornaram-se mais comuns, e grupos organizados se empenharam na reabilitação de feridos para o trabalho, especialmente nos Estados Unidos e na Alemanha.

Napoleão Bonaparte instruiu seus generais a reabilitarem os soldados feridos e mutilados, permitindo que continuassem a servir o exército em outras funções, como trabalhar em selarias, manutenção de equipamentos de guerra, armazenamento de alimentos e cuidado com animais. Foi com ele que surgiu a ideia de que ex-soldados ainda eram úteis e podiam ser reabilitados. Em 1884, o Chanceler alemão Otto Von Bismark promulgou uma lei que obrigava a reabilitação e a readaptação no trabalho.

No Brasil, seguindo o movimento europeu, o Imperador Dom Pedro II (1840-1889) criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente conhecido como Instituto Benjamin Constant, em 1854. Três anos depois, em 1857, o Imperador fundou o Imperial Instituto de Surdos Mudos, hoje chamado Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES. Essas instituições passaram a atender pessoas surdas de todo o país, a maioria das quais havia sido abandonada por suas famílias.

O Século XX trouxe avanços significativos para as pessoas com deficiência, especialmente no que diz respeito às ajudas técnicas e à tecnologia assistiva. As ferramentas já existentes, como cadeiras de rodas, bengalas e sistemas de ensino para surdos e cegos, foram aprimoradas. A sociedade, apesar das guerras, organizou-se coletivamente para enfrentar os desafios e atender melhor às necessidades das pessoas com deficiência.

Entre 1902 e 1912, na Europa, houve um aumento na formação e organização de instituições voltadas para a preparação das pessoas com deficiência. Fundos foram levantados para manter essas instituições, e havia uma crescente preocupação com as condições de vida das pessoas com deficiência abrigadas. Começou-se a perceber que essas pessoas precisavam participar ativamente da sociedade e integrar-se plenamente no cotidiano.

A história da inclusão das pessoas com deficiência é uma jornada longa e desafiadora, marcada por avanços e retrocessos, mas é uma história de resiliência e progresso em direção a uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

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